O mexicano Alejandro Gonzalez Inarritu, diretor do longa-metragem indicado ao Oscar Amores Brutos, está de volta à cena com o drama 21 Gramas, filme que tece reflexões sobre a vida, a morte e a relação que os vivos têm com a morte.O filme é falado em inglês e conta com Sean Penn, Naomi Watts e Benicio Del Toro. O estilo quebra-cabeças faz o espectador ficar em alerta desde a cena inicial, com um misto espantoso de hiper-realismo, complexidade visual e temática poderosa. O que devemos aos mortos? Onde vamos em busca de esperança e redenção? Como ter uma vida boa? Por meio de Deus? Apesar de Deus? Pode um ato ser tão hediondo que não existe maneira possível de redimir-se dele? O filme avança e recua no tempo. Mas a estratégia não consiste em confundir o espectador, e sim em cativar seu processo mental de maneiras que uma narrativa linear possivelmente não conseguisse inspirar. Pelo fato de estar tanto à frente quanto atrás da narrativa, o espectador fica mais livre para especular e contemplar a maneira como o destino atua e as vidas se interligam. Um acidente trágico vira de ponta-cabeça a tênue felicidade de três famílias. O professor de matemática Paul Rivers (Sean Penn) está morrendo de doença cardíaca, e sua mulher, Mary (Charlotte Gainsbourg), de quem estivera separado, está determinada a engravidar dele por meio de inseminação artificial. Então o milagre de um transplante cardíaco o faz reviver, mas não revive o amor dos dois. Cristina Peck (Naomi Watts) escapou de uma vida de drogas e farras através do casamento estável com um arquiteto (Danny Huston) e do nascimento de suas duas filhinhas. Sua vida redimida corre em paralelo com a do alcoólatra Jack Jordan (Benicio Del Toro). Desde sua última passagem pela prisão, Jack conseguiu dar uma virada em sua vida, com a ajuda de Cristo. Mas sua mulher, Marianne (Melissa Leo), às vezes sente saudades do Jack antigo. O acidente, que altera a trajetória de todas essas vidas, deixa os sobreviventes arcados sob o peso de um sentimento de culpa avassalador. A vida continua, é o que lhes dizem. Será que continua mesmo?
Qual o peso da alma?
O ritmo do filme é determinado pela edição. Inarritu e o diretor de fotografia Rodrigo Prieto rodaram quase o filme inteiro com câmera segurada na mão. As cores são insaturadas, às vezes se aproximando de um quase preto e branco. Desse modo, o realismo intransigente do filme se intensifica, e o espectador observa um mundo transfigurado. Os personagens existem numa estrutura fictícia esquemática que gera no espectador um estado quase meditativo. Surgem indagações que, em qualquer outro filme, poderiam soar pomposas, mas que neste caso soam inteiramente pertinentes. A mortalidade é o problema com que todos os personagens se defrontam. Alguns estão perto de morrer, outros estão próximos de pessoas que morreram há pouco. Será que a vida de fato "continua"? Se sim, onde está a esperança de sobrevivência para aqueles que sofrem, mas continuam a viver? Inarritu rejeita as respostas fáceis e as caracterizações óbvias - parece estar dizendo ao espectador que é ele mesmo quem deve decifrar as respostas. E ele não facilita as coisas: não julga seus personagens. Ele os mostra como indivíduos confusos e contraditórios que lutam para enfrentar forças que estão além de sua compreensão. Será que Deus os traiu, como Jack acaba por acreditar? Ou eles próprios se traíram? Vinte e um gramas seria o peso que a pessoa perde quando morre. Será esse o peso e a medida da alma humana?
DOWNLOAD: PARTE 1, PARTE 2
PARTE 3, PARTE 4
Mais AQUI!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário